2 – A RODOVIA DOS TAMOIOS E A FORÇA PÚBLICA

A RODOVIA DOS TAMOIOS E A FORÇA PÚBLICA

Oscar Teresa Pinheiro do Carmo

Coronel Reformado da PMESP

Trabalho monográfico – Pesquisa histórica sobre a abertura do traçado e da construção da primitiva estrada de rodagem que ligou o planalto, através da região de Paraibuna aos municípios de Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral norte do Estado de São Paulo, na década de 1930.

É uma contribuição singela e despretensiosa para restabelecer aspectos históricos da Rodovia dos Tamoios (atual SP 99), dos municípios por ela servidos e, sobretudo em enaltecer e honrar a memória dos milicianos da Força Pública, em especial a do Coronel da FPESP Edgard Pereira Armond, à época Capitão, que num rasgo de dedicação, altruísmo e espírito patriótico, embrenharam-se naquela inóspita serra e densa mata para a construção daquela rodovia.

Honraram e dignificaram a nossa Força Pública, hoje Polícia Militar do Estado de São Paulo.

SUMÁRIO:

  1. Minha viagem a Caraguatatuba.
  1. O CORONEL FP EDGARD PEREIRA ARMOND E SUA CARREIRA MILITAR.
  2. O CAPITÃO FP ARMOND, UM DOS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS PELA CONSTRUÇÃO DA TAMOIOS.
  1. EDGARD PEREIRA ARMOND E O MOVIMENTO ESPÍRITA.
  2. O RECONHECIMENTO AO CORONEL ARMOND.
  3. ARMOND – ORADOR E ESCRITOR.
  4. A ATUAL RODOVIA DOS TAMOIOS
  5. CONCLUSÃO
  1.   Anexos
  2. Bibliografia
  1. MINHA VIAGEM A CARAGUATATUBA

Numa recente estadia àquela bonita e simpática estância, visitei o seu Museu de Arte e Cultura (MACC) onde vi antigas fotos da construção da estrada dos Tamoios em exposição, e em uma delas, observei um acampamento de milicianos da Força Pública, uniformizados e em plena atividade na abertura daquela rodovia.

Visitei também o Arquivo “Arino Sant’Ana de Barros onde, suas diletas funcionárias me apresentaram mais fotos e registros da abertura daquela estrada. Embora já tivesse  vaga informação anterior da participação da Força Pública naquela construção, entusiasmei-me ao ver a tamanha amplitude e magnitude do evento. E aprofundando nas pesquisas, decidi escrever e transcrever os dados encontrados, para divulgação especialmente aos camaradas de Corporação. Em sendo modesto, pequeno e obscuro historiador e ainda menor como escritor, é com imensa honra e profunda sinceridade que transcrevo relatos de tão grandiosa e expressiva obra de companheiros de Corporação, daquela “Legião de Idealistas” como é entoado em nossa canção.

  1. O CORONEL FP EDGARD PEREIRA ARMOND E SUA CARREIRA MILITAR.

O Coronel Armond da Força Pública e o engenheiro João Fonseca, do D.E.R., foram os grandes responsáveis pela abertura e construção da antiga Tamoios. O Oficial teve brilhante carreira militar. Foi uma pessoa muito decidida, disciplinada, séria e firme. Nascido em Guaratinguetá, em 14 de junho de 1894, filho de Henrique Ferreira Armond e de Leonor Pereira de Souza Armond, mineiros, descendentes de tradicional família francesa, que se fixaram em Juiz de Fora (MG). Fez seus cursos primários e secundários em Guaratinguetá, prosseguindo seus estudos em São Paulo e Rio de Janeiro. Em 10 de maio de 1915 alistou-se como Praça na Força Pública do Estado de São Paulo. Em 1916, já como sargento ingressou na Escola de Oficiais, sagrando-se Aspirante a Oficial em 1918. Casou-se com Nancy de Menezes, filha do Marechal de Exército Manoel Felix de Menezes.  Como 2º tenente comandou destacamentos de Santos, São João da Boa vista e Amparo. Organizou e foi diretor da Biblioteca da FP. Lecionou História, Geografia e Geometria na Escola de Oficiais da FP. Nas revoluções de 1922 e 1924 combateu na capital, tendo em seguida marchado com tropas da Força Pública e do Exército para o Paraná e Santa Catarina, em perseguição à chamada “Coluna Prestes”, permanecendo com as tropas de ocupação nas fronteiras com a Argentina e Paraguai até fins de 1925. Em 1930, já como Capitão foi designado instrutor da Escola de Oficiais e do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Participou da Revolução Constitucionalista de 32, quando assumiu o comando da defesa do litoral entre a divisa com o Estado do Rio de Janeiro, com a missão de monitorar os movimentos da Marinha, que mantinha diversos navios de guerra nas águas de São Sebastião. Com o término da Revolução de 32 foi nomeado Chefe de Polícia do Estado, vindo a compor a Casa Militar do Governador Militar, General Waldomiro Lima. Em 1934 assumiu o subcomando da Escola de Oficiais. Organizou a Inspetoria Administrativa da FP. Como Tenente Coronel assumiu a Chefia do Serviço de Intendência e Transporte. Em 28 de junho de 1938 sofreu um acidente automobilístico grave onde quebrou seus dois joelhos sendo transferido para o Quartel General e em 1940 foi reformado por invalidez. Instalou-se definitivamente na cidade de São Sebastião à qual muito se apegou. Faleceu em 1982 no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo, tendo sido sepultado no Cemitério de Vila Mariana, em São Paulo.

  1. O CAPITÃO FP ARMOND, UM DOS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS PELA CONSTRUÇÃO DA TAMOIOS.

A viagem á São Sebastião – Em dezembro de 1931, em férias, Armond embarcou em Santos no vapor Iraty com destino a São Sebastião. À bordo conheceu o ex-deputado estadual José Hipólito do Rego, natural daquela cidade e, juntos conversaram sobre o estado decadente da região e da necessidade de comunicações terrestres com o planalto, pois o litoral norte estava abandonado. Neste ano publicou pela Tipografia da Força Pública “Lições de Topografia Ligeira”.

As ligações com o planalto – As ligações existentes eram de Parati para Cunha, de Ubatuba para São Luiz de Paraitinga. Caraguatatuba ligava-se com Paraibuna através de caminhos estreitos, íngremes e acidentados, de existência muito antiga com trânsito só para pedestres, cavaleiros e cargueiros, com trânsito muito difícil, com erosões contínuas pelo efeito das chuvas, e quase sempre obstruídas por árvores e pedras desbarrancadas. O trânsito marítimo também era deficiente e irregular. Os governos estadual e municipais pouco se interessavam por essa zona do litoral, inertes, isoladas e alheadas do então dinâmico progresso por que ocorria em outras regiões do Estado. As terras férteis e suas praias maravilhosas permaneciam abandonadas e desconhecidas pelos demais paulistas.

O interesse o Capitão Armond – Tomando conhecimento da situação precária da região, Armond contatou com o prefeito de São Sebastião, Emydio Orceli, e outros políticos locais e nele brotou-se um grande interesse na construção de uma estrada de rodagem que fizesse a ligação efetiva com o Vale do Paraiba.  Começou a estudar o assunto e a pesquisar dados e elementos para a empreitada que se anunciava.

O encontro e pedido ao General Miguel Costa – Em 20 de janeiro de 1932, ao término das férias e no regresso a São Paulo, procurou o Comandante Geral da FPESP, General Miguel Costa, de quem tinha relações de amizade, resumiu suas observações e seu interesse. Convencido, o Cmt G ordenou que organizasse um plano de ação, que fosse viável e dentro das possibilidades do Governo.

O Plano de Ação – Armond elaborou e apresentou o seguinte projeto para a abertura de uma estrada de rodagem entre Paraibuna e São Sebastião, ligando o Planalto Central e o sul de Minas Gerais ao Litoral Norte Paulista, calcado nas seguintes bases:

1º – Construção feita em combinação com a Secretaria de Viação do Estado,

2º – Material e Ferramentas fornecidos pela Secretaria,

3º – Mão de obra seria de soldados da Força Pública, sendo para tal criada uma Companhia de Sapadores,

4º – Direção Geral e administração da exclusiva competência da Força Pública.

5º – A alimentação da tropa seria fornecida pelas populações interessadas.

Como o empreendimento não se configurasse como missão ou tarefa específica de atribuição da Corporação, o projeto padeceu de grandes embaraços até a sua aprovação final.

Aprovado o plano pelo Cmt G, Armond foi credenciado para realizar os entendimentos com a Secretaria da Viação, Cel Mendonça Lima, e com o Diretor de Estradas de Rodagem, João Fonseca de Camargo.

O Boletim nº 32, do Quartel General – Em 11 de fevereiro de 1932 o referido boletim assim transcrevia: “Construção de estrada de rodagem – Como contribuição de trabalho e participação nos interesses do povo, a Força Pública do Estado vai executar, de combinação com a Secretaria da Viação, a construção da estrada de rodagem ”Paraibuna até o porto de São Sebastião”, estabelecendo assim a ligação do litoral com o planalto da Serra do Mar. A Força Pública, assim procedendo, confirma mais uma vez o seu passado heroico de operosidade e de boa vontade e reafirma seus objetivos seculares de devotamento à causa pública e à crescente grandeza de São Paulo. É designado o Capitão Edgard Pereira Armond, do C.I.M. para assumir a direção Geral dos serviços da referida construção”.

O reconhecimento do terreno – Em 16 de fevereiro, em companhia de João Fonseca do DER, Armond realizou pessoalmente o reconhecimento e demais estudos, escolhendo Paraibuna, a 35 km de São José dos Campos como base inicial. Após 3,30 horas de automóvel, alcançaram a ponta extrema da estrada carroçável, na altura do km 35. Desse ponto o Dr Fonseca regressou e Armond prosseguiu à cavalo pelo caminho de cargueiros até Caraguatatuba, aonde chegou ao fim da tarde. Reconheceu toda a Enseada de Caraguatatuba até a barra do Rio Juqueriquere, até a ponta do Arpoar, Serra do Don, até o bairro de São Francisco, chegando à cidade de São Sebastião. O reconhecimento foi feito a pé, abrindo-se picada nova, carregando víveres nas costas e quase sempre debaixo de chuvas. Gastaram cerca de 20 dias nessa exploração.

A opção pela construção na Serra de Caraguatatuba – Armond relatou ao General Miguel Costa sua opção em construir na Serra de Caraguatatuba, pelas seguintes razões:

1-      Melhores condições topográfico-geológicas,

2-      Aproveitamento de 42 Km carroçáveis, de Paraibuna ao Alto da Serra,

3-      Descer a estrada diretamente a um local já habitado e com lavoura,

4-      Conjugação da linha a construir com o Sul de Minas, por Buquira, dando aspecto de interesse nacional,

5-      Interesse estratégico, abrangendo a base naval de São Sebastião a Central do Brasil, a rodovia São Paulo-Rio de Janeiro e os centros de abastecimento de Paraibuna, Natividade e Salesóplis.

Tanto o Cmt G da FPESP (Gen Miguel Costa) como o Secretário da Viação (Cel Mendonça Lima) aprovaram o plano. Este último transferiu a verba de 50 contos à Força Pública para aquisição de ferramentas e material.

O início dos trabalhos – Em 12 de abril de 32, com 38 anos, sem contar com recursos materiais, utilizando 15 praças da própria Força Pública, na maioria soldados prestes a serem desincorporados, iniciou no topo da serra de Caraguatatuba, a abertura da rodovia, começando pelo trecho mais difícil, dirigindo pessoalmente os trabalhos. Instalou as quinze praças no Alto da Serra, e lavrou a ata oficial (anexo 1), dando como inaugurados os trabalhos de construção da estrada pela Força Pública. Como era reduzidíssimo e insuficiente o número de somente 15 praças da FP para executar o serviço de tamanha envergadura, Armond lançou mão da verba de 50 contos e contratou uma turma de cerca de 30 auxiliares civis, os quais trabalhavam juntos com a turma militar e eram dirigidos e administrados diretamente por ele.

A suspensão da verba – Em maio, com a saída do Gen Miguel Costa do Comando da FP, e do Coronel Mendonça Lima da Secretaria da Viação, o novo Secretário Fonseca Telles suspendeu imprevistamente a verba concedida. Técnicos da Secretaria achavam que a estrada deveria ser construída pela serra de São Sebastião e não, pela serra de Caraguatatuba. Armond, junto com 14 municipalistas da região protestaram e solicitaram e a designação de comissão para inspecionar as obras e dar parecer a respeito. A comissão foi nomeada e composta por diretores do DER, Carlos Quirino Simões e Aristeu Reis, juntamente com o Major Euclides Machado Chefe do Serviço de Engenharia da FP. Inspecionado o serviço e estudado o traçado, a comissão não só aprovou como recomendou o Secretário a conceder nova verba de 200 contos- para o prosseguimento das obras.

 A eclosão da Revolução de 32 – Em julho, com a eclosão do Movimento Revolucionário de 32, Armond suspendeu os trabalhos, dispensou os civis, com exceção dos cavoqueiros que trabalharam mesmo durante a revolução. O efetivo  militar foi enquadrado em tropas irregulares, compondo o “Grupamento Cap Armond”. Armond assumiu o comando do litoral, monitorando os movimentos da Armada que mantinha diversos navios de guerra em São Sebastião. Organizou e comandou tropas inicialmente em Paraibuna e Caraguatatuba e, depois no Sul do Estado em Itaí, Taquari e Avaré. Terminado o conflito, no período de transição, foi nomeado Chefe de Polícia do Estado de São Paulo, vindo a compor a Casa Militar do Governador Militar do Estado, General Waldomiro Lima.

O Batalhão de Sapadores – Sessenta dias após pediu demissão daqueles cargos, sendo designado para comandar o Batalhão de Sapadores criado para dar continuidade à construção da estrada. Conseguiu sensibilizar o governo para que lhe desse os meios necessários. Em 8 de dezembro deixou o cargo de Ajudante de Ordens do General Waldomiro Lima, sendo designado para organizar o Batalhão. Em 9 assumiu o comando interino. Em 25 os integrantes da 2ª companhia estavam concentrados no Alto da Serra. Em 4 de fevereiro fixou a sede do Batalhão e da 3ª Companhia em Paraibuna. Os efetivos foram assim distribuídos:

1ª Cia.  120 homens – Trecho Rio Ouro –Alto

2ª Cia.  130 homens – Trecho Alto – Rio Ouro

3ª Cia.  120 homens – Trecho Paraibuna – Alto.

Em 14 de fevereiro assumiu o comando do Batalhão o Ten Cel Júlio Limeira da Silva, do Exército Nacional, permanecendo até fins de julho. Com a saída do Ten Cel Limeira, Armond assumiu novamente o comando do Batalhão, até a designação do Ten Cel Salvador Moya.

A 4ª Companhia de Sapadores – Em 18 de setembro o Cmt G da FP criou a 4ª Companhia Independente de Sapadores (CIS), desagregada do Batalhão de Sapadores, dando o seu comando ao Cap Armond, para com autonomia administrativa de Cia Isolada, com a missão de prosseguir na construção da rodovia de Paraibuna ao Porto de São Sebastião.

Em 1935, a 4ª Companhia anexada ao Regimento de Cavalaria, denominada Companhia de Sapadores era formada pelos seguintes oficiais:

– Comandante:            Capitão Edgard Pereira Armond,

– Ajudante Secretário: 2º Tenente Artur Goisolfe de Castro

– Cmt. De Seção:          1º Tenente Heli Fernandes Da Câmara

– Cmt. De Seção:          2º Tenente Acácio Silva

– Cmt. De Seção:          2º Tenente João Pereira da Cruz

– Médico:                      Geraldo Ribeiro

Estado da obra em fevereiro de 1933 –

  – No Alto da Serra:

-estrada já aberta, com 3 metros de largura, com rampa de 8%, dependendo só de

alargamento.

-extensão locada definitivamente  ………………………………………….  2030 metros,

-extensão atacada  ………………………………………………………………..  1600     “

– extensão alargada com 5 metros …………………………………………….. 1600 metros.

-Efetivo empregado – homens em média ………………………………………………….170

Em Caraguatatuba:

-extensão locada provisoriamente com 2 metros de largura ……….. 6850  metros

-extensão locada definitivamente ……………………………………………..  3600     “

-extensão alargada para 5 metros …………………………………………….  3150      “

– extensão atacada …………………………………………………………………..  10450      “

-Efetivo empregado – homens em média …………………………………….. 100

Os Relatórios dos Serviços – Armond relatava periodicamente ao Comandante Geral da FP as atividades efetuadas e o progresso na construção da estrada.

– 1º Relatório –  ao Cel Dimas  Siqueira Menezes, Cmt G da FP  – em Fevereiro de 1933

– 2º Relatório – ao Cel Alkindar Pires Ferreira, Cmt G da FP  –     em Agosto de 1933

– 3º Relatório – ao Cel Penedo Pedro, Cmt G da FP                –     em Dezembro de 1933

– de dezembro de 1933 a agosto de 1934, data da suspensão dos serviços da Companhia de Sapadores, Armond encaminhou relatórios mensais a serem arquivados no Comando Geral. Em fins de 1934 foram suspensos os trabalhos da turma militar para, segundo Armond, “satisfazer injunções políticas e dar empreitadas a interessados”. Em agosto de 1934. entregou ao D.E.R., já em operação, o trecho Paraibuna a Caraguatatuba, incluindo a serra. Em sequência, o D.E.R. completou o trecho Caraguatatuba a São Sebastião.

  1. EDGARD PEREIRA ARMOND E O MOVIMENTO ESPÍRITA

Armond teve um papel fundamental na história do Espiritismo, participando de todos os grandes momentos do movimento espírita. Foi maçom, professor e espírita brasileiro. Em 1921, quando comandante na cidade de Amparo, ingressou na maçonaria, alcançando o grau de mestre. Sua conversão se deu após sofrer o grave acidente automobilístico, em junho de 1938, onde quebrou ambos os joelhos sendo submetido a diversas cirurgias, ficando sem quase poder andar por seis meses. Foi convidado por Bezerra de Menezes a colaborar com a Casa dos Espíritas do Brasil sendo eleito secretário geral da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Fundou o periódico “O Semeador” difundindo as ideias doutrinárias, no qual sob pseudônimos escreveu cerca de quatrocentos e vinte e cinco artigos. Em 1947 fundou a União Social Espírita (USE), posteriormente denominada de União das Sociedades Espíritas, fortalecendo o movimento espírita e unificando as suas práticas religiosas. Em 1950 criou as Escolas de Aprendizes do Evangelho, com cursos previstos por Allan Kardec em “Obras Póstumas”, criou a metodologia dos passes e instituiu as Escolas de Médiuns. Era um médium intuitivo, parecido com Kardec. Em 1973, com alguns companheiros, fundou a Aliança Espírita Evangélica.  Armond formou-se em odontologia pela Escola de Odontologia e Farmácia do Estado abrindo escritório no Brás, atendendo voluntariamente pessoas necessitadas.

  1. O RECONHECIMENTO AO CEL ARMOND –

A abertura da estrada propiciou o desenvolvimento daquela região, até então quase inacessível, beneficiando certamente a população sofrida de Paraibuna, Natividade da Serra, Salesópolis, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, que não tinham sequer condições mínimas de atendimento médico hospitalar e sem condições de transporte para outros locais. O Cel Armond teve seu trabalho reconhecido, sendo que São Sebastião deu seu nome a uma das ruas da cidade. O Governo do Estado, através do Decreto Estadual de 29 de setembro de 1993 e através da Polícia Militar, adotou o se nome como patrono do 20º Batalhão da Polícia Militar do Interior, inicialmente sediado em São Sebastião e hoje, com sede em Caraguatatuba. Em março de 1997 o jornal “O Ancoradouro” de São Sebastião publicou matéria sob o título: “Edgard Armond: o homem que colocou o litoral norte no mapa”, concluindo que aquela bela região mergulhada em amplo isolamento até o começo da década de 1930 teve profundas mudanças, libertando-se do seu esquecimento, mudando o estado de coisas em consequência da iniciativa da personalidade inteligente e arrojada do Coronel Edgard Pereira Armond. Várias cidades têm ruas com seu nome, São Paulo, São Sebastião, Guaratinguetá.

  1. ARMOND – ORADOR E ESCRITOR

. 1931 – Discurso (anexo 2). Em 24 de outubro de 1931 proferiu brilhante discurso na sede da Liga de Esportes, primeiro aniversário do triunfo da Revolução Nacional, no ato de entrega ao General Miguel Costa de uma espada de ouro, homenagem da oficialidade da Força Pública Paulista.

. 1931 – Lições de Topografia Ligeira.

. 1942 – Contribuições ao Estudo da Mediunidade.

. 1943 – Mediunidade de Prova.

. 1944 – Desenvolvimento Mediúnico.

. 1944 – Missão Social dos Médiuns.

. 1949 – Os Exilados da Capela.

. 1950 – Passes e Irradiações.

. 1962 – Na Cortina do Tempo.

. Pela internet é possível acessar cerca de 227 títulos de livros escritos por Edgar Pereira Armond

  1. A ATUAL RODOVIA DOS TAMOIOS –

Foi oficialmente inaugurada em 1938 como “obra civil”.

Em 1957, no Governo Jânio Quadros, a rodovia foi pavimentada, pois em época de chuvas, antes do asfalto, a estrada ficava praticamente intransitável.

Em 1970, o DER executou significativos melhoramentos de traçado (planta e perfil) entre São José dos Campos e Paraibuna.

Em 2014 o trecho do planalto da serra, entre o Km 60,4 e 82, foi duplicado.

A partir de 16 de abril de 2015, a Rodovia dos Tamoios que era administrada pela DERSA, passou a ser operada pelos próximos 30 anos pela Concessionária Tamoios, empresa pertencente ao Grupo Queiroz Galvão. O Governador Geraldo Alkmin ao autorizar a transferência assim se pronunciou: “A rodovia liga o eixo mais industrializado do mundo; o eixo Rio-São Paulo com o litoral norte, lugar que mais cresce com o turismo, com a estação do pré-sal em Caraguatatuba e o porto de Santos”.

A Estância de Caraguatatuba e o D.E.R. erigiram um monumento em bronze, na Praça do Centenário, na entrada da cidade, homenageando o engenheiro Dr. João Fonseca de Camargo e Silva.

O DER, órgão da Secretaria de Logística e Transportes, cita em seu site “Histórico de Rodovias” que a SP 099 foi construída pelo DER.

A denominação “Rodovia dos Tamoios” foi dada através da Lei 1796, de 18/10/1978, e constitui referência histórica ao nome de uma tribo indígena que habitava o litoral norte do estado e o litoral fluminense.

  1. CONCLUSÃO

Lamentável, injusta e inexplicavelmente; nenhuma citação à Força Pública, às suas Unidades de Sapadores e ao Coronel Edgard Pereira Armond, sem nenhuma referência ao esforço, dedicação, boa vontade e ao suor do soldado que ali lutou e sofreu nos trabalhos mais pesados, pioneiros e primeiros responsáveis pelo traçado e maior parte da construção daquela rodovia, que bem poderia ser chamada de “Rodovia Comandante Armond”.

  1. Anexos:
  2. – Ata do início dos trabalhos da construção da estrada.
  3. – Discurso ao General Miguel Costa ( buscar internet)
  4. – Fotos do Coronel Armond
  5. – Fotos e reportagens
  6. Bibliografia

. No Tempo do Comandante – Edelso da Silva Júnior.

. Filme “Edgard Armond – A influência de Edgard Armond no Movimento Espírita”.

. ARMOND, Ismael. Edgard Armond, meu pai. São Paulo: Editora Aliança, 2001.

. Armond, Ismael. Edgard Armond: Um Trabalhador da Seara Espírita. São Paulo: Editora Aliança, 2002.

. Jornal Espírita “O Trevo”. São Paulo: Editora e Distribuidora Aliança, nºs 106, 1982.

– Relatórios e documentos do Cap Armond.

-AROUCA, Justo. “Memorial de sua Excelência – História Política de Caraguatatuba”, Conecta Gráfica e Editora, FUNDACC, 2003.

Nazaré Paulista, 20 de setembro de 2015.

oscarpinheiro@terra.com.br

Be the first to reply

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *