25. A RODOVIA SP-036 – NAZARÉ À GUARULHOS -“Juvenal Ponciano de Camargo”

A RODOVIA SP-036, NAZARÉ–GUARULHOS,

“JUVENAL PONCIANO DE CAMARGO”

  • A Trilha Originária:

A atual rodovia que liga a nossa cidade à de Guarulhos tem a sua origem e história na antiga trilha de bandeirantes, que por volta da metade do século XVII, partindo de São Paulo de Piratininga em direção ao atual Estado de Minas Gerais, desbravaram as matas virgens em busca de aventura, da procura de minérios e da captura de índios. Eles passaram pela nossa região, acamparam nas proximidades do então Rio Atibainha, aqui fizeram algum plantio de alimentos para garantir a continuidade da entrada pelo sertão, e desse modo fizeram surgir um dos primeiros povoados do interior da Província, a Capela de Nossa Senhora de Nazaré, depois Freguesia e Vila de Nazareth e a nossa atual cidade de Nazaré Paulista.

  • Rumo às Minas do Norte:

Aquela primeira trilha, ou mera “picada” pelo matagal, partindo da Vila de São Paulo, passando pela “Nossa Senhora da Penha”, por “Conceição de Guarulhos” rumava ao norte, em direção das atuais regiões de Nazaré, Piracaia, Joanópolis, vencendo as barreiras naturais das Serras do Lobo e da Mantiqueira, adentrando às terras mineiras de São João D”el Rei, Ouro Preto, Diamantina etc.

  • A Antiga Denominação “Caminho de Cavaleiros”:

Passaram-se os anos, décadas e séculos, e aquela primeira trilha e “picada” transformada em estrada, era bastante utilizada pelos viandantes, pelos tropeiros, pelos boiadeiros e pelos caminhoneiros. Seu futuro era bastante promissor, pois de rota de bandeirantes passou a ser uma via de escoamento dos produtos agropecuários produzidos pela região paulista sul-mineira em direção à Metrópole Paulista onde eram vendidos ou permutados.

Esta estrada era conhecida no século XVIII e XIX como “Caminho de Cavaleiros” e no começo do século XX já era considerada estadual e conservada pelo Estado. Antigos nazareanos lembram e contam das tropas de burros cargueiros, com suas “cangalhas, jacás e buacas” carregadas de aves, ovos, farinha, carne e toucinho suínos, milho e outros produtos aqui produzidos e que eram levados às feiras e mercados de Guarulhos, Tucuruvi e do Brás. Lá, os produtos eram vendidos e a tropa retornava carregada de tecidos, utensílios domésticos, armas e ferramentas.

  • O Trajeto Preferencial:

Este “Caminho de Cavaleiros”, via “Nazareth”, era preferido pelos usuários da região, pois a outra rota alternativa, a de Bragança, via “São João de Atibaia” e Juqueri (Mairiporã) e Francisco Morato, enfrentando e contornado serras, era muito mais longa, cheia de curvas e tinha que vencer duas respeitáveis serras, a da Cantareira e a de Juqueri.

De Nazaré a São Paulo, por Guarulhos, a distância era de 63 quilômetros, e por Atibaia, distava 95, com serras íngremes e curvas perigosas.

  • A precária e abandonada Manutenção:

Nas primeiras décadas do século XX, a então promissora estrada Nazaré-Guarulhos teve a sua manutenção abandonada, deteriorando a tal ponto que se tornou inadequada á função importante que representaria para a região. Tal foi o seu abandono, que foi objeto de um ofício endereçado pelo Prefeito Municipal de Guarulhos, Cel. Guilhermino Rodrigues de Lima, ao Diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, datado de 29 de outubro de 1935, noticiando o estado lastimável da estrada e relatando o fato de se encontrarem cerca de 4.000 sacos de carvão, depositados à margem da estrada no bairro de Tapera Grande, sem que pudessem ser transportados para as indústrias da Capital.

Sugeria ainda que a estrada fosse objeto de algumas melhorias e técnicas de engenharia, com a retificação de alguns trechos e modificação de partes inaproveitáveis, sem a necessidade de se construir uma nova estrada, mas com adaptações da ora existente, e assim ela se tornaria um meio de desenvolvimento e de fácil locomoção e transporte da produção regional.

  • Inaugurações e Recuperações:

Em 1927, o Governador do Estado Júlio Prestes inaugurou a estrada de rodagem São Paulo-Bragança, via Atibaia, numa solenidade no largo da Igreja São João e do Clube Recreativo de Atibaia, ocasião em que foi solenemente saudado pelo padre nazareano, Francisco Rodrigues dos Santos, o “Padre Chico”.

Cinco anos mais tarde, em junho de 1932, era inaugurada a estrada de rodagem Guarulhos-Nazaré, com alargamento e algumas ligeiras melhorias da antiga rodovia, sem contudo atender às retificações e modificações sugeridas.

Em 1959, era inaugurada a Rodovia Federal “Fernão Dias” São Paulo-Belo Horizonte, BR 381, já pavimentada, tendo suas vias duplicadas no final do século passado.      .

Em 1987 a rodovia Guarulhos –Nazaré teve o seu leito asfaltado e parte de seu trajeto alterado em função do represamento do Rio Atibainha e da construção do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em Cumbica.

  • Os diferentes trechos e denominações da SP 036:

Curiosamente a rodovia SP 036, que inicialmente tinha um seqüencial traçado e destino fixo, que era o de Guarulhos-Nazaré-Piracaia-Joanópolis, teve o seu percurso modificado e entrecortado e recebeu diferentes denominações nos seus vários trechos de rodagem.

! ª Denominação: A estrada, de Guarulhos a Nazaré tem a denominação inicial de “SP 036 – Rodovia Juvenal Ponciano de Camargo” denominação esta conferida pela Lei Estadual nº 6.095, de 04 de maio de 1988 em homenagem a este nazareano pioneiro caminhoneiro a trafegar por ela.

2ª Denominação: Em 08 de dezembro de 2005, outra lei estadual nº 12.144, de autoria do Deputado Estadual Eli Correia Filho, no meu entender, indevida e imprecisa, passou a denominar o trecho de Guarulhos até a divisa com o Município de Nazaré Paulista, em Tapera Grande; chamando-a de Rodovia Francisco de Almeida, antigo comerciante de lenha natural de Nazaré.

3ª denominação: A Câmara Municipal de Nazaré Paulista deu a denominação de “Avenida Mathias Lopes” ao trecho da antiga estrada de terra que, partindo da sede do Destacamento da Polícia Militar ligava Nazaré à Perdões.

4ª Denominação: Em 1988 a Câmara Municipal de Bom Jesus dos Perdões oficializou o trecho entre a divisa de Nazaré com Perdões (entrada do bairro de Serra Negras) até a cidade de Bom Jesus dos Perdões como sendo denominada de “Estrada Murillo de Almeida Passos”

5ª Denominação: Também dada pela Câmara Municipal de Perdões como sendo “Avenida Tiradentes” o trecho da cidade até o entroncamento da Rodovia D. Pedro I.

6ª Denominação: Piracaia oficializou o trecho do trevo com a Rodovia D. Pedro I até a sua cidade de “Rodovia Jan Antonin Bata, fundador do distrito de Batatuba e da então Fábrica de calçados Bata.

7ª Denominação: De Piracaia até Joanópolis recebeu o nome de “Rodovia José Augusto Freire.

  • Juvenal Ponciano de Camargo:

Um nazareano, (1915-1980), um dos primeiros motoristas de caminhão e de ônibus a enfrentar por longo tempo a estrada Nazaré-Guarulhos. Posteriormente foi também agente da Companhia Elétrica Piracaia, em nossa cidade. Foi casado com a Sra. Irma Bronzeri de Camargo tendo os filhos José Bronzeri Camargo e Rosa Teresa Camargo.

Merecidamente temos a denominação de um honrado nazareano a uma das primeiras “trilhas de bandeirantes”.

  • Viagem turística:

Nos dias de hoje, para nós nazareanos, é uma econômica, agradável e pitoresca viagem a Guarulhos e a  São Paulo, transitando pela nossa “SP 036 – Rodovia Juvenal Ponciano de Camargo”, onde ainda se pode visualizar uma paisagem silvestre, com remanescentes da Mata Atlântica e de águas represadas do Reservatório Atibainha, embora a estrada seja margeada de eucaliptais e pinheirais, e destituída de infra-estrutura de apoio, borracharias, oficinas mecânicas, postos de abastecimento e de policiamento rodoviário.

  1. A Esperança:

Oxalá seja o trecho Nazaré-Guarulhos objeto de uma profunda reestruturação e modernização, a exemplo do ocorrido no corrente ano com o sub-trecho que vai do entroncamento da Rodovia D. Pedro I até a cidade de Piracaia.

           Texto extraído e atualizado do livro-prelo “De Nazareth a Nazaré Paulista”.

Nazaré Paulista, junho de 2016.

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